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HISTÓRIA

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REVISITANDO OS FIOS DA HISTÓRIA

Em maio de 2009 aconteceu, em Petrolina-PE, cidade do sertão pernambucano, uma vibrante e colorida caminhada em comemoração ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial (18 de maio), seguida do I Fórum de Mobilização Antimanicomial (FMA): Loucura em Movimento, que aconteceu no Centro de Convenções de Petrolina-PE. Não era a primeira vez que se marcava tão importante data na região, mas tal evento tinha um caráter particular: constituía uma iniciativa efetiva de reunir atores/ autores diversos das duas cidades vizinhas – Juazeiro-BA e Petrolina-PE – interessados na temática: usuários de serviços, familiares, profissionais da rede de saúde, estudantes, professores e comunidade em geral.

 

A proposta surgiu a partir de um grupo de estudantes da Disciplina Saúde Mental I, do curso de graduação em Psicologia da Univasf, em sua oferta de 2009.1. Mobilizados com as discussões em sala de aula, os graduandos propuseram à professora organizar um evento diferenciado para marcar o 18 de maio. Aceito o desafio e mergulhando-se em intenso trabalho de preparação, em um prazo curtíssimo, foi tomando forma o I FMA, que brotou de ação integrada da Univasf e Secretarias Municipais dos dois municípios.

 

Inaugurava-se uma articulação inédita entre as gestões municipais e instituição formadora, marcada pela ousadia de um grupo de estudantes, professores e profissionais da rede, sobretudo os ligados aos Centros de Atenção Psicossocial – os CAPs. Buscamos parcerias e, dentre as conquistas, tivemos o apoio do Núcleo Estadual de Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades, situado em Recife-PE, e do Conselho Regional de Psicologia (CRP-02). De fato, o que se vislumbrava, desde as reuniões preparatórias, era dar o primeiro passo para a criação de um movimento social em favor da consolidação da reforma psiquiátrica no Vale do São Francisco.

 

A aposta se confirmou e congregou muitos adeptos, de modo que no fórum foram produzidos debates intensos, firmando-se um compromisso: criar um núcleo permanente de discussão sobre a luta antimanicomial e reforma psiquiátrica fundamentado na realidade local. Plantava-se, assim, a semente para a constituição do Numans. Tendo a primeira roda de conversa ocorrido em outubro de 2009, o núcleo foi sendo gestado a cada encontro, tendo herdado a marca da ousadia. Não havia uma sede fixa, utilizando-se espaços da universidade e/ou das redes de saúde das duas cidades. Entretanto, a identidade almejada era clara (ainda que em trânsito contínuo, como toda identidade...): ser movimento social, escapando-se a determinações institucionais e burocráticas, por vezes perversas ou acachapantes.

Mais uma vez, a força de um coletivo e as parcerias garantiram o acontecimento do III FMA: além da Univasf, por meio da PROEX, as Secretarias Municipais de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, assim como a SES-PE e a SESAB, foram fundamentais. Pelas parcerias, inclusive do CRP-03 (Bahia), conseguimos garantir a participação de representantes da AMEA, que mobilizaram de forma magistral os participantes, em especial os usuários dos CAPs da região. Os municípios que compõem a 15ª. Diretoria de Saúde da Bahia (DIRES) e a 8ª. Gerência Regional de Saúde de Pernambuco (GERES) foram novamente convidados e convocados a apoiar esse movimento.

 

Assim, o III FMA cumpriu seu objetivo de rearticular – numa perspectiva interestadual e intersetorial – os municípios do sertão do Submédio São Francisco acerca do debate e implantação/fortalecimento das RAPSs. Ao longo da organização, surgiu a proposta de articular ao evento o I Seminário de Articulação Intersetorial da RAPS no Vale do São Francisco, aventada pela supervisora clínico-institucional dos CAPs de Petrolina-PE. Foram cerca de 400 pessoas circulando no Complexo Multieventos, que se transformou numa grande ágora, debatendo-se em praça pública – a exemplo do que ocorria na democracia grega – temas cruciais e rumos possíveis para a política de saúde mental na região. 

Texto retirado do artigo publicado na Revista Extramuros, de título "De como o Sertão do Submédio São Francisco ganhou um núcleo de mobilização antimanicomial: da história aos desafios atuais". Para acessá-lo, clique aqui.

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